ENTRE OS PROBLEMAS CONSIDERADOS ESTÃO A AUSÊNCIA DE CONTRATOS COM A
AGÊNCIA PEPPER, EMPRESA SUSPEITA DE RECEBER RECURSOS ILEGAIS EM CAMPANHAS DO PT.
O Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) determinou nesta quinta-feira (28), que o PT devolva R$ 7 milhões aos
cofres públicos por causa de irregularidades no uso do Fundo Partidário
referente ao ano de 2010. Além disso, a Corte determina a aplicação de 7,5%
sobre o valor recebido do fundo naquele ano para a criação e a manutenção de
programas de promoção e difusão da participação política de mulheres.
Entre os problemas considerados
estão a ausência de contratos com a Agência Pepper, empresa de comunicação
investigada na Operação Acrônimo e na Lava Jato, suspeita de receber recursos
ilegais em campanhas do PT. Além disso, há problemas com a Focal Comunicação,
atualmente investigada pelo TSE nas ações que pedem a cassação da presidente
Dilma Rousseff, e o Banco Rural, implicado no escândalo do mensalão.
O partido declarou em 2010 que
repassou ao banco R$ 1,3 milhão para a quitação de dívidas antigas. Em 2012, no
entanto, no julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou que
os contratos entre a instituição financeira e o PT eram fraudulentos, e serviam
para garantir o pagamento da base aliada no governo do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
“Para a Corte Suprema, o negócio
jurídico firmado entre a agremiação e a instituição financeira nada mais eram
do que simulações”, declarou o ministro Luiz Fux, relator da prestação de
contas do PT no TSE. A decisão de Fux tem valor de um despacho colegiado, como
decidiram os ministros da Corte na última sessão plenária, já que o prazo para
o julgamento acabaria no próximo sábado, 30 de abril.
Já as irregularidades com a
Agência Pepper somam R$ 425 mil. Segundo o parecer da assessoria técnica da
Corte Eleitoral, o partido não conseguiu comprovar as despesas relativas à
consultoria e desenvolvimento de ações na internet e produção de material para
distribuição e divulgação interna das ações do partido que teriam sido
prestadas pela empresa.
Os serviços prestados pela Focal,
cujos repasses somam R$ 1,6 milhões, também não foram devidamente declarados.
No entanto, as despesas foram custeadas com recursos próprios do partido, e não
foram somadas ao valor a ser devolvido. A empresa foi a segunda maior
fornecedora da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2014, e um de seus
sócios é uma pessoa que, até o ano anterior, dizia ser motorista.
A assessoria técnica da Corte
Eleitoral apontou 57 irregularidades na prestação de contas apresentada pela
legenda e sugeriu que o valor a ser devolvido para o erário fosse calculado em
R$ 8,7 milhões. Dezessete problemas, no entanto, foram afastados pelo
Ministério Público Eleitoral, o que reduziu a quantia em mais de R$ 1 milhão.
A defesa do partido afirmou que
vai recorrer da decisão e alega que o TSE não cumpriu o prazo dado para a
legenda se manifestar, o que contamina o devido processo legal e ampla defesa.
Outros partidos – PP e PSC, que
também esperavam decisão sobre suas prestações referentes a 2010, foram punidas
em decisão monocrática de Fux nesta quinta. O PP deverá devolver R$ 1,2 milhão,
e o PSC, R$ 115 mil. Todos os valores devem ser devolvidos a partir do ano que
vem. Ainda cabe recurso das decisões.
Na última terça-feira, o TSE
condenou o PSDB a devolver R$ 1,1 milhão ao erário, considerando a prestação de
contas referente a 2010 aprovada com ressalvas. Outras sete legendas tiveram as
contas também aprovadas com ressalvas – PCdoB, PSB, PSDC, PV, PRP, PTN e PMDB.
O PSB devolverá R$ 107 mil ao erário; o PV, R$ 177 mil, e o PSDC, R$ 14 mil. OS
demais não sofreram sanções porque as irregularidades somavam a valor menor do que
os 7% da quantia declarada.
Outros três partidos, o PRTB, o
PMN e o PDT, tiveram as contas desaprovadas. O PMN deverá devolver R$ 1,3
milhão e ficará oito meses sem receber os repasses do fundo partidário. O PDT
terá dois meses de repasses suspensos em 2017; já o PRTB deverá devolver ao
fundo partidário a quantia de R$ 238 mil.
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