Após três dias de sessões que se estenderam pela madrugada, a oposição, setores do Judiciário, da mídia e do Ministério Público conseguiram avançar no golpe institucional no Brasil numa primeira batalha. Mas a guerra não está perdida. No Senado, quando se analisar o mérito, ficará evidente que não existem elementos jurídicos que justifiquem o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
A sessão histórica na Câmara foi surreal. Uma presidente honesta, que não é alvo de acusação por corrupção, tem o mandato ameaçado por uma conspirata de corruptos liderada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na Operação Lava Jato. Cunha não é digno para ocupar a cadeira de Ulysses Guimarães, Paes de Andrade e Aldo Rebelo.
A conspiração ficou clara nos debates ao longo do dia. Ninguém falou mais do relatório apresentado pelo deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO) na Comissão Especial do Impeachment, porque a oposição sabe que não há fatos que justifiquem processo contra a presidenta legitimamente eleita por 54 milhões de votos.
Sem argumentos jurídicos aceitáveis, os opositores fizeram o debate político na tentativa de transformar o plenário da Casa em colégio eleitoral para promover uma eleição indireta do vice-presidente, Michel Temer, um dos grandes comandantes do golpe. Não estamos no Parlamentarismo. Quem legitima o governante é o voto popular.
A saída para o Brasil não é colocar no poder um governo de exceção. O povo que foi às ruas não quer um governo com esse perfil. Qual é a agenda deste governo que já nasce maculado pela mancha do golpe? Na verdade, é um túnel para o passado, símbolo do retrocesso e do estado mínimo com ameaça aos direitos e às conquistas dos trabalhadores.
Os golpistas firmaram um pacto para salvar Cunha e sepultar a operação Lava Jato que investiga muitos integrantes da classe política. Um governo Temer estaria longe de dar tranquilidade aos brasileiros, porque não tem legitimidade. O vice-presidente não consegue unificar nem o PMDB, sendo o caminho para o aprofundamento das crises econômica e política.
O resultado deste domingo estimula ainda mais a nossa luta em defesa da democracia, do Brasil e contra o golpe. Iremos todos os dias denunciar nas redes e nas ruas essa tentativa de usurpação do poder sem eleições populares. #NãoVaiTerGolpe.
Daniel Almeida é deputado federal pela Bahia, presidente do PCdoB-BA e líder do partido na Câmara
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