A Procuradoria-Geral da República (PGR) detectou uma ameaça de morte a uma testemunha da Operação Lava Jato a mando do presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), e do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE). Os dois foram denunciados, nesta semana, por obstrução de Justiça. De acordo com a PGR, o deputado Márcio Junqueira, ex-membro do PP, foi ordenado a pressionar um ex-assessor e motorista a desmentir depoimentos que havia prestado à Polícia Federal (PF). O funcionário em questão é José Expedito, considerado um "arquivo vivo" por ter trabalhado para os investigados por mais de 10 anos. Segundo informações do G1, a PGR o identifica como "pessoa próxima e de confiança" dos parlamentares, responsável por transportar dinheiro para eles em diversas ocasiões. Em setembro de 2016, ele confessou os crimes à PF e entregou provas dos atos. Assim, a PGR indica que, em 2017, sob o comando de Nogueira e Da Fonte, Márcio Junqueira passou a exigir de Expedito uma "retratação" das revelações que ele fez nos depoimentos. "A mando dos parlamentares, a partir de outubro de 2017, nos termos retratados nesta denúncia, Márcio Junqueira ameaçou José Expedito de morte, exigiu dele uma retratação em cartório do conteúdo dos depoimentos que prestou à PF em 2016 (declaração ideologicamente falsa), prometeu-lhe cargo público, casa, pagou-lhe despesas e fez entregas de dinheiro —, tudo para comprar seu silêncio e, assim, prejudicar investigações em curso", diz um trecho da denúncia. O órgão pontua que a "intimidação" feita com a testemunha durou de outubro do ano passado até março deste ano. Enquanto a defesa de Nogueira disse que a acusação é "fantasiosa", "criminosa" e de uma "irresponsabilidade enorme", os representantes da defesa de Da Fonte responderam que "a acusação é completamente mentirosa e absurda". Agora, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve decidir se aceita ou não a denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF).
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