Ex-governador da Bahia morreu nesta sexta-feira, aos 91 anos
Amigos, correligionários e a Bahia se consternaram em luto, na manhã desta sexta-feira (22), com a morte de Francisco Waldir Pires de Souza, ou simplesmente Waldir Pires, um dos políticos mais expressivos de seu tempo.
Nascido na cidade de Acajutiba, em outubro de 1926, passou a infância na cidade de Amargosa, estudou na cidade de Nazaré, onde deu aulas de datilografia, bem como ensinou latim, tudo isso com apenas 15 anos. Aos 16, se mudou para Salvador. Foi na capital que ingressou na Faculdade de Direito. Formou-se com êxito e no final do curso foi escolhido o orador da sua turma, cuja formatura marcou a solenidade de inauguração do Fórum Ruy Barbosa, no ano do seu centenário.
Já nos tempos de faculdade liderou o Movimento Antinazista.
Carreira política
Aos 24 anos, em 1950, Waldir tornou-se secretário no governo de Régis Pacheco e se casou com Yolanda Avena, filha do imigrante italiano José Avena e de Angelina Garcia Avena. Já em 1954 elegeu-se deputado estadual, formando a base de apoio do governo Antônio Balbino.
Quatro anos depois, em 1958, elegeu-se deputado federal, sendo escolhido vice-líder do Governo Juscelino Kubitschek. Em 1962 candidatou-se ao governo da Bahia quando, apesar do veto da Igreja, perdeu as eleições por uma diferença de apenas 3% dos votos para o candidato da UDN, Lomanto Júnior.
Em 1963, foi convidado pelo então presidente João Goulart para ocupar o cargo de Consultor-Geral da República, o que o tornou responsável pelas análises e pareceres da juridicidade e da constitucionalidade das leis de Remessa de Lucros e Dividendos e da lei de Reforma Agrária, entre outras.
Exílio no Uruguai
No golpe militar, em 1964, foi, junto com Darcy Ribeiro, o último membro do governo ao deixar o Palácio do Planalto. Em 4 de abril, já na primeira lista de cassados e perseguido, sai com Darcy Ribeiro de Brasília, de madrugada, num monomotor e vai para o exílio no Uruguai, onde depois encontra sua esposa Yolanda e seus cinco filhos.
Em 1966 mudou-se para a França onde foi indicado para lecionar Direito Constitucional Comparado e Ciências Políticas nas cidades de Dijon e Paris. Volta ao Brasil em 1970, ainda em plena ditadura militar, ocupando-se de uma empresa particular até a queda do AI-5, quando, retomados os seus direitos políticos, deixa tudo e volta para a vida pública na Bahia.
Governador da Bahia
Em 1982 foi derrotado na eleição para o Senado por Luís Viana Filho, que foi reeleito. Três anos depois, em 1985, foi convidado pelo presidente Tancredo Neves para o Ministério da Previdência Social e mantido pelo presidente José Sarney.
Em 1986 se candidata ao governo da Bahia e é eleito, derrotando Antonio Carlos Magalhães. Em 1987, toma posse.
Após dois anos de governo, em 1989, disputa a convenção nacional do PMDB que indicaria o candidato do partido a presidente da República. No primeiro turno da votação, fica em segundo lugar, com 272 votos, atrás de Ulysses Guimarães, com 302, mas à frente de Iris Rezende e Alvaro Dias.
Após intensas negociações, Ulysses e Waldir concordam em formar uma chapa única, com Waldir saindo candidato a vice-presidente. Com isso, Waldir tem que renunciar ao governo da Bahia, deixando em seu lugar o vice-governador, Nilo Coelho.
A volta e o fim da carreira política
Em 1998, elegeu-se deputado federal com a maior votação no Estado. Candidatou-se a uma vaga no senado em 2002, ao lado de seu companheiro de chapa Haroldo Lima, perdendo para ACM, que voltou à Câmara Alta após o escândalo do painel eletrônico que pouco antes o fizera renunciar.
Ainda em 2002 é convidado pelo presidente Lula para o cargo de ministro-chefe da Controladoria-Geral da União(CGU). Já em 2006 assume o Ministério da Defesa, a pedido do presidente Lula.
Seu último cargo público foi como vereador de Salvador entre 1º de fevereiro de 2013 até 31 de dezembro de 2016.
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