O governador Rui Costa apresentou, parcialmente, a lista de secretários que devem auxiliá-lo neste segundo mandato à frente do Palácio de Ondina. Após muitas rodadas de conversa e de muito tempo cozinhando aliados, Rui apresentou durante um programa para redes sociais o nome de parte do secretariado. E a falta de novidades talvez tenha sido o grande destaque do anúncio. Afinal, apenas dois nomes são efetivamente novos: Lucas Costa – um nome bastante técnico até para o perfil estatal – e Davidson Magalhães – esperado como compensação ao PCdoB, que perdeu uma vaga na Câmara dos Deputados.
Por mais que o governador tenha sido bem avaliado nas urnas, havia a expectativa que houvesse algum tipo de choque de gestão após a recondução dele. No entanto, praticamente todos os nomes apresentados estavam na administração em meses recentes, com ligeiras alterações nos comandos de algumas pastas-chave. Rui preferiu repetir a fórmula, com a perspectiva de que o desempenho permaneça o mesmo. Em algumas áreas, pode até funcionar. Em outras, parece muito mais uma aposta arriscada.
Alguns titulares já eram dados como certos, mesmo que Rui não tivesse falado publicamente. Fábio Vilas-Boas na Saúde e Maurício Barbosa na Segurança Pública eram dois desses nomes que perderiam o posto apenas se pedissem, pois houve avanços nas duas áreas ao longo dos quatro primeiros anos. Situações semelhantes vivenciaram Bruno Dauster, Manoel Vitório, Edelvino Góes, André Curvello, Fabya Reis e Paulo Moreno. Nestor Duarte, mesmo que não tenha tido um desempenho acima da média, ainda possui um padrinho forte e garantiu a permanência na “equipe Correria”.
Outro beneficiado por apoio de peso, Marcus Cavalcanti foi indicado de Otto Alencar para Infraestrutura e também só deixaria o cargo caso houvesse uma rearrumação de forças. No entanto, Rui preferiu não contrariar os aliados e arranjou outro espaço para o partido do vice, João Leão (PP), que ficou com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Com direito a levar a ponte Salvador-Itaparica embaixo do braço. É uma estratégia interessante para o xadrez político e mostra astúcia no equilíbrio de forças dentro do primeiro escalão.
Talvez dois rearranjos tenham causado certa estranheza. O primeiro foi a saída de Walter Pinheiro para a Secretaria de Planejamento. Sem partido, Pinheiro é citado como parte da cota pessoal do governador e ainda seguiu numa pasta expressiva, ainda que tenha perdido a “cereja do bolo” do complexo viário da ponte Salvador-Itaparica. Foi um consolo relevante para quem perdeu o mandato de senador sem nem sequer cogitar a hipótese de ser reeleito.
Já a chegada de Jerônimo Rodrigues para o lugar de Pinheiro, na Secretaria de Educação, é a grande incógnita dessa nova fase de Rui no Palácio de Ondina. Depois de dar sinais de que escolheria um nome técnico para o posto, o governador acabou optando por um nome político, indicado pelo PT e coordenador da campanha dele à reeleição. Com a educação considerada pelo próprio Rui como prioritária na segunda administração, deixar a SEC sob o comando de alguém ligado a um partido fugiu da expectativa criada pelo próprio governador.
Rui preferiu obviedades, apesar de todo o suspense em torno da apresentação do novo secretariado. Como ainda faltam cerca de 10 nomes serem indicados, é possível que a renovação apareça nessa próxima lista. Todavia, o governador não deixou margem para criar muita expectativa. Ainda bem, porque a vida ensina que não se deve criar expectativas. Muito melhor é se criar cachorros, porque ao menos com certeza dão mais alegria.
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